Análise Crítica... -

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... às Teorias de Rogers e Maslow

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Será possível fundamentar a prática pedagógica na teoria de Rogers acreditando que todo o aluno tem uma tendência natural para a aprendizagem, para ser boa pessoa e capaz de construir relações interpessoais construtivas?

Poderá toda a pessoa aprender pela satisfação das necessidades mais básicas para as mais elevadas? A pessoa socialmente desfavorecida que não satisfaz necessidades como as fisiológicas e de segurança, apresentará motivação/ interesse à aprendizagem de necessidades de ordem social?

Poderá todo o educando decidir livremente o que quer aprender? O educando ficará preparado para a vida académica?

Será que este modelo ou teorias de aprendizagem se aplica melhor ao ensino e explica melhor o fenómeno da aprendizagem?


            A educação de tipo humanista comporta paralelamente riscos e proveitos.

            O facto do ser humano ser capaz de pensar, intuir, questionar, reflectir, sentir, decidir, avaliar (…) contraria a ideia de que a pessoa é o resultado de um conjunto de estímulos e reacções automáticas como defendem outras teorias. Assim, fenómenos complexos como a resolução de problemas que não foram previamente vivenciados, a tomada de decisão perante os obstáculos, a aquisição de conceitos, a compreensão de princípios, só são possíveis através de processos internos (cognitivos e heurísticos) não mensuráveis, que esta teoria humanista considera.

            A ideia do aluno como centro da aprendizagem, um ser activo, independente do educador, vem de encontro ao novo paradigma vivenciado hoje pela formação superior na Europa, com o tratado de Bolonha, em que o professor deixa de ser um disseminador de conhecimentos para ser um
facilitador da aprendizagem visto que a aprendizagem é construída ao longo da vida.

            Contudo, esta educação de tipo humanista também tem os seus perigos, dado que pode incitar uma liberdade sem limites por parte do aluno e, consequentemente, indisciplina, individualismo, concepção deturpada do papel do indivíduo na democracia e preparação académica insuficiente ou incorrecta.

            Rogers, também, entendia a pessoa com demasiada condescendência, não considerando impulsos inatos para a competição ou a autodestruição.

            Outro aspecto a considerar, é que este tipo de aprendizagem pode não ser tão adequada à educação de crianças e adolescentes em situações de ensino escolar pela falta de maturidade, para além de requerer professores excepcionais, condições curriculares e instituições adaptadas a um ensino flexível, do tipo individual e grupal.

            Quanto às implicações da
teoria da auto-realização para a educação, alertou para as reacções comportamentais das pessoas em situação de aprendizagem no que se refere a sinalizadores de transformação de comportamento, de interesse, motivação, entre outros, que encaminham para a ideia de dificuldades ou problemas não directamente relacionados com o processo de ensino-aprendizagem responsáveis pela mudança comportamental.

            A teoria da auto-realização que visa o comportamento humano na satisfação das necessidades básicas para as de ordem superior, hipotetiza, assim, que as pessoas desfavorecidas apresentarão dificuldades em investir na satisfação de necessidades superiores (afecto/ pertença, estima e auto-realização). Mas, a escola/ educação mais formal é capaz de colmatar essas dificuldades, facultando ferramentas que promovam a escalada na pirâmide das necessidades e, consequentemente, a auto-estima e o desenvolvimento.

        As palavras de Souza & Oliveira (2000) no
resumo da dissertação
"CONTRIBUIÇÕES DO NOVO HUMANISMO" revelam-se  impregnadas de sensibilidade face a esta questão referindo-se ao papel fundamental dos educadores humanistas face à ajuda do desenvolvimento e auto-conhecimento do aluno, bem como, à humanização e não desumanização da pessoa- aluno.
        
            Neste sentido, as teorias humanistas podem complementar outras teorias da aprendizagem. O método só se deve aplicar se tiver significado para quem o aplica, sendo o professor e aluno os principais intervenientes no processo de aprendizagem e a eles compete adaptar as teorias e os métodos de ensino à sua realidade. Sendo estas teorias, quando bem utilizada por ambas as partes, muito exigentes e ao mesmo tempo enriquecedoras.


Bibliografia:

Sampaio, L. R. (Jan./ Fev./ Mar. 2009). O Maslow desconhecido: uma revisão de seus principais trabalhos sobre motivação [versão electrónica]. Revista de Administração, 44(1),5-16, [Consulta: 30 Abr. 2011]. URL:
http://www.gerenciamento.ufba.br/Disciplinas/Lideran%C3%A7a/3%20O%20Maslow%20desconhecido%20-%20uma%20revisao%20de%20seus%20principais%20trabalhos%20sobre%20motivacao.pdf

S o u z a, A. P. P. & Oliveira, D. E. R. (2000). Contribuições do novo humanismo para educação. [Consulta: 30 Abr. 2011]. URL: http://www.rieh.net/biblioteca/Monografia.pdf

Tavares, J. & Alarcão, I. (2002). Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. Coimbra: Almedina.

Tavares el al (2007). Manual de Psicologia do desenvolvimento e aprendizagem. Porto: Porto Editora.

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